terça-feira, 10 de maio de 2011

projeto poesia na escola

GOVERNO DO ESTADO DE RONDONIA
SEDUC- SECRETARIA DO ESTADO DA EDUCAÇÃO
E.E.E.F .M 16 DE JUNHO


A magia dos versos abre inúmeras portas de sonhos,lembranças e fantasia, os versos imitam os sentimentos humanos, através de arranjos de sons e imagens, que podem ser interiorizados...

COLORADO 2011

PROJETO   POESIA FONTE DE INSPIRAÇÃO
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
ESCOLA E.E.E.FM  DE JUNHO
ENDEREÇO AVENIDA RIO MADEIRA 4870
AUTOR DO PROJETO: PROFESSORAS:DIVA, GESSI, VALDECIRA, VIVIANE,
PUBLICO ALVO: ALUNOS DO 4º ANO  A e B, 9º ANO A, DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA 16 DE JUNHO
NOME DO PROJETO   POESIA FONTE DE INSPIRAÇÃO
Disciplinas Envolvidas: Português, Artes,
Duração estimada do projeto: decorrer do 2º BIMESTRE

JUSTIFICATIVA
Trabalhar  a leitura e a escrita usando a magia da poesia, valorizando a entonação,emoção presentes nas oralidade e a ortografia, gramática, coerência e coesão gramatical, ao mesmo tempo em que a poesia encanta as pessoas, seduzindo-as e motivando para o habito da leitura.

OBJETIVOS
•· Estimular a prática da leitura-prazer e a produção de textos poéticos.
•· Desenvolver a sensibilidade, a criatividade e senso crítico.
•· Realizar leitura de poemas observando a pontuação, a entonação e o ritmo
adequados, bem como a temática e o significado de palavras desconhecidas no texto.
•· Desenvolver habilidades ortográficas e gramaticais.
•· Diminuir as carências de leitura e escrita apresentadas pelos alunos.

METODOLOGIA
              O professor poderá iniciar a aula conversando com as crianças sobre vários poetas como por exemplo: Roseana murrary José Paulo Paes, e outros, lendo e explicando sobre sua vida, quem ele era, onde morou, sua profissão, etc.  Solicitar aos alunos que realizem pesquisa em casa 
             O professor deverá selecionar alguns poemas para serem distribuídos no pátio da escola ou outro local ao ar livre. A proposta é transformar o espaço livre num varal com as poesias penduradas. Faça um convite  e pendure na porta da sala.A idéia é que os alunos leiam o convite e se dirijam ao espaço preparado pelo professor.
             Ao final, diga para turma escolher um poema e sentarem na roda feita no pátio. Cada um fará um desenho sobre o que imaginou ao ler a poesia. Depois, um de cada vez, lê as informações sobre o poema: nome da poesia, poeta e título do livro a que pertence. Apresenta sua ilustração e explica o que imaginou. Aproveite para expor os trabalho no mural da sala.
           Comece apresentando os livros de onde foram tiradas as poesias e comente sobre os poetas, uma breve e curiosa biografia. Outra sugestão seria criar uma biblioteca de poesia e cada dia a criança levaria um livro de poesias para ser lido em casa.
            Decida juntamente com a turma qual a poesia que vão trabalhar no dia, apresente 2 opções, levar os alunos a reparem que o modo de escrita do poema é diferente das histórias de fadas. Chame a atenção para o fato de que  cada linha do poema chama-se verso. Diga quantos versos tem o poema. Pinte de cores diferentes cada estrofe. Fale lembrar que estrofe é o agrupamento dos versos.  Você notou o espaço entre uma estrofe e outra? Quantas estrofes você pintou?  – Leia , oralmente, cada estrofe e observe como termina.     O que você descobriu chama-se rima. Copie as palavras que rimam. - Você observou que algumas palavras e sons se repetem no poema. Por que será? Por último, peça a leitura das respostas de cada dupla, pergunte aos demais alunos se concordam ou se observaram outras coisas para no final anotarem tudo o que aprenderam em seus cadernos. Repita a atividade com outros poemas se achar necessário.
          Peça aos alunos que procurem em casa ou na biblioteca do bairro ou da escola diferentes livros de poesia. A intenção é ampliar o repertório da turma, por isso não utilize os livros lidos até aqui. Eles devem escolher uma poesia,  copiar e treinar a leitura para apresentar no recital.  Para que os poemas escolhidos pelas crianças sejam compartilhados e seus conhecimentos ampliados, sugiro que faça um recital de poesias. Escolha um espaço, pode ser a biblioteca da escola ou a própria sala de aula. Crie um ambiente acolhedor para leitura, coloque música instrumental ao fundo, um palquinho de madeira, almofadas e tapetes para a platéia e peça que façam desenhos para ilustrar a poesia escolhida e leiam-na em voz alta para os colegas e freqüentadores da biblioteca.
    Trabalhar com a poesia o menestrel no 9ºano, solicitar aos alunos que reproduza a história por meio de ilustração, depois assistirem o vídeo O Menestrel (baixar do yutub)  ensaiar os alunos e encerrar o projeto do 9º ano com a declamação da poesia.
    O produto final do projeto no quarto ano será com a gravação da declamação de poesia escolhida pelo aluno e exibição da mesma na sala de video.
AVALIAÇÃO
A avaliação do processo de ensino e aprendizagem das atividades desenvolvidas no Projeto  priorizar tanto os aspectos qualitativos quanto os quantitativos.
Avaliar:
•· O interesse do aluno por ouvir, ler e escrever poemas.
•· Assiduidade e participação nas atividades realizadas.
•· A sensibilidade e a criatividade na recepção, apreensão e produção de textos
poéticos.
•· A socialização das idéias do aluno perante o grupo e o respeito às idéias do
outro.

Referencias bibliográficas
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/index.html
http://www.pobrevirtual.com.br/default/resumodelivrosdesc.php?rec_
http://www.roseanamurray.com/poemas.asp


Anexos


























Anexos




Poemas de




DENTRO DE UMA ÁRVORE

Existo dentro de uma árvore,
em seu oco,
em seu silêncio, sou sua seiva
enquanto fabrica sementes.
Os pés se misturam
com as raízes,
caminham dentro da terra,
reconhecem o rumor
da noite subterrânea.
Os braços são galhos,
as mãos se balançam
ao redor do vento:
eu e a árvore
o mesmo pensamento.
Minha imobilidade
dura alguns séculos.

in Carteira de Identidade, ed. Lê.
VELUDO ÁSPERO

Para falar do medo
chamo a noite,
seu veludo áspero
na garganta.
Chamo as raízes
apodrecidas no cerne
da terra,
chamo as notas
estridentes
de um violino quebrado.
Para falar do medo,
escrevo no quadro-negro
a palavra mortal.

in Carteira de Identidade, ed. Lê.

ANJO

Em cada precipício me sento
e um anjo me sussurra com calma
as encruzilhas,
as estradas desconhecidas.

Todos os meus anseios
estão em suas mãos
e com seu hálito me acalma,
me acalanta.

Durma, ele me diz, sentado
na beira de minha sombra,
não tenha medo dos sonhos.

in Carteira de Identidade, ed. Lê.

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Com patas de fogo
um cavalo rasga o vento:
pousa em meus sonhos.

Arabescos no Vento, ed. Prumo, ilustrações de Elvira Vigna

Amor é o cais,
um veleiro se aproxima,
as águas ssussurram

Arabescos no Vento, ed. Prumo, ilustrações de Elvira Vigna

Um beijo dourado
varre o corpo com luz,
ilumina o céu.

Arabescos no Vento, ed. Prumo, ilustrações de Elvira Vigna
NEBULOSAS

Tem pessoas que amamos
de amor tão intenso
que com seus gestos-palavras
vão fabricando nebulosas
dentro do corpo da gente

Poemas de Céu, ed. Paulinas, ilustrações de mari Ines Piekas

ESTRELA CADENTE

Quando eu estiver
com o olhar distante,
maninha,
com um jeito esquisito
de quem não está presente,
não se assuste,
ó maninha,
fui logo ali,
no quintal do céu,
colher uma estrela cadente.

Poemas de Céu, ed. paulinas, ilustrações de Mari Ines Piekas

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AMIGO

No rumo certo do vento,
amigo é nau de se chegar
em lugar azul.
Amigo é esquina
onde o tempo para
e a Terra não gira,
antes paira,
em doçura contínua.
Oceano tramando sal,
mel inventando fruta,
amigo é estrela sempre
no rumo certo do vento,
com todas as metáforas,
luzes, imagens
que sua condição de estrela contém.

Poemas de Céu, ed. Paulinas, ilustrações de mari Ines Piekas
RIACHINHO

As águas claras
me contam segredos
de sol, de céu, de ar
e cantam acalantos
de ninar
enquanto correm ligeiras
da montanha para o mar.

Fardo de carinho, ed. Lê, ilustrações de Elvira Vigna

HORIZONTE

Se eu apagasse a fina linha
do horizonte
será que o céu cairia
no mar?
E as estrelas e a lua
começariam a navegar?

Ou será que o mar viraria
céu
e os peixes aprenderiam
a voar?

Fardo de carinho, ed. Lê, il.Elvira Vigna


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TRAPEZISTA

A trapezista brinca no balanço
toda vestida de branco
e braceletes no braço.

Não tem medo a trapezista
salta, gira e desafia,
seu corpo miúdo parece
um simples traço no espaço.

Fardo de carinho, ed. Lê, il. Elvira Vigna
CAIXINHA MÁGICA

Fabrico uma caixa mágica
para guardar o que não cabe
em nenhum lugar:
a minha sombra
em dias de muito sol,
o amarelo que sobra
do girassol,
um suspiro de beija-flor,
invisíveis lágrimas de amor.

Fabrico a caixa com vento,
palavras e desequilíbrio,
e para fechá-la
com tudo o que leva dentro,
basta uma gota de tempo.

O que é que você quer
esconder na minha caixa?

TRANSFORMAÇÃO

Fabrico uma árvore
com uma  simples semente,
terra escura e quieta,
umas gotas de água.

Pouco a pouco,
de lua em lua,
de folha em folha,
enquanto o tempo
desenha arabescos
em meu rosto,
minha árvore se transforma
em poema vivo,
suas letras  são flores,
são frutos, são música

Fábrica de poesia, Ed. Scipione, 2008


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MEL

Na curva da primavera,
no alto da montanha,
abelhas fabricam mel.
zumbem, dançam, rodopiam,
cantam para as flores
o azul do dia.
COMIDA DE SEREIA

O que será que a sereia come
em seu castelo de areia?
Enquanto penteia os cabelos
a panela esquenta na cozinha:
será que a sereia come anêmonas,
ostras, cavalos-marinhos?
Ou delicados peixinhos de olhos
dourados?
Algas marinhas, lulas, sardinhas?
Polvos, mariscos, enguias,
ou será que a sereia come poesia?


ELFOS

Elfos comem o perfume
das flores trazido pelo
vento,
comem os mais belos
pensamentos,
e as cores do dia
que o galo faz.
Comem o canto do galo,
as melodias dos pássaros
azuis,
comem a luz que cintila
na folha cheia de orvalho.
Elfos comem a sombra da lua,
o brilho da estrela
que já não existe mais.

Poemas e Comidinhas, Ed. Paulus, 2008

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JOGO DA VERDADE
A verdade é um labirinto.

Se digo a verdade inteira,
se digo tudo o que penso,
se digo com todas as letras,
com todos os pingos nos is,
seria um deus-nos-acuda,
entraria um sudoeste
pela janela da sala.
Então eu digo
a verdade possível,
e o resto guardo
a sete chaves
no meu cofre de silêncios.
PIÃO

Um pião se equilibra
na palma da mão,
no chão, na calçada,
e alado vai rodando
por cima dos telhados,
gira entre as nuvens,
cada vez mais alto,
até que num salto
alcança a lua
e rola
até o seu lado oculto.
Faz a curva o pião
e ruma para Saturno,
tropeça nos anéis,
dá três cambalhotas,
se pendura
numa estrela cadente
e, sem graça,
volta para a palma da mão.

FADAS E BRUXAS

Metade de mim é fada,
a outra metade é bruxa.
Uma escreve com sol,
a outra escreve com a lua.
Uma anda pelas ruas
cantarolando baixinho,
a outra caminha de noite
dando de comer à sua sombra.
Uma é séria, a outra sorrí;
uma voa, a outra é pesada.
Uma sonha dormindo,
a outra sonha acordada.

in Pêra, Uva ou Maçã, ed. Scipione, 2005


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QUINZE

Ecoa nos ares o minarete,
e dele escapa
um grito pungente,
feito pássaro que houvesse
fugido
de uma gaiola dourada.
É a hora sagrada:
todo homem tem um encontro
marcado com Deus
e mistura as orações com saliva,
como a mãe que oferece
ao filho
pedaços da sua própria comida.
CINCO

Percorrer o silêncio do deserto,
sua espinha dorsal
feita de murmúrios, vertigens,
caravanas, o ruminar dos camelos.

Numa noite escura
uma fonte escondida
fabrica sonhos e água.


VINTE E DOIS

Rente ao muro
o homem caminha.
Seu corpo encharcado
de orações
carrega um bastão sagrado.
Com seus passos costura
o oriente ao ocidente.

in Desertos, ed. Objetiva, 2006

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ATLÂNDIDA

O caminho para a Atlântida
é de terra ou de luar?
é de linho, lã ou vento
o chão que devo pisar?

Parto agora para a Atlântida,
por estradas que invento,
passo perto de Pasárgada,
cruzo fronteiras no céu
e descubro que a Atlântida
fica na esquina de mim.
JANELAS

Em todas as janelas me debruço,
em todos os abismos
estendo uma corda
e caminho sobre o nada.
Também ando sobre as águas,
subo em nuvens,
galgo intermináveis escadas.
Abro todas as portas
e cavernas com um sopro
ou três palavras mágicas.
Mergulho em torvelinhos,
danço no meio do vento,
pulo dentro da tempestade.
Em cada encruzilhada me sento
e tento arrumar o destino,
estranho castelo de areia.

AVESSO

Atravessaria um rio grosso
no meio da noite
para decifrar tuas pegadas,
o rastro luminoso dos teus olhos.

Atravessaria a superfície
silenciosa dos espelhos
para ver o teu avesso.

Caminharia sobre água
e fogo
para soletrar teu corpo.

in Recados do Corpo e da Alma, ed. FTD, 2003


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MULHERES ACROBATAS

Onde se esconde a nascente
dos sonhos?
Em que alta montanha
ou profundeza de abismo?
Em que curva de rio
ou espuma de onda?
Em que gaze esgarçada
ou doçura de vento?

Nas estradas batidas
por unicórnios e silêncios
os saltimbancos vão passando
rumo ao coração de cada um
com seus trapézios e luz
e mulheres acrobatas.
NOVELO

Com fina linha prateada
o sonhador borda a sua vida:
na fronteira entre o dia e a noite,
entre uma estrela e outra,
uma palavra e sua sombra,
ergue um castelo de vento,
desfralda as bandeiras da paz.


PAUL KLEE

Os olhos como barcos,
entro escondida
num quadro do Klee.
O céu é a rua,
e o equilibrista,
quase sem respirar,
me ensina os segredos da vida.
Sobretudo, ele me diz,
é preciso saber conservar
as pernas no ar
e manter o olhar perdido;
Carregar pedaços de lua
no pensamento e sonhar.

A vida é pura navegação
e saio do quadro
como um pássaro invisível.

in Residência no Ar, ed. Paulus, 2007

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VENTO

assim me chama o vento
me despenteia os cabelos
nas teias do precipício
a vida começa hoje
começa sempre
desde o nada até a medula
todos os dias
colar os ossos
e ouvir o ruído
subterrâneo de um rio
a vida começa hoje
sempre por um fio
a alma é um pêndulo
leva as horas
de encontro
às pedras.
PARTIDA

Hoje arrumo as flores
em cima da mesa
as frutas na memória
quero um dia bem simples
alguma luz pousada
na superfície da água

hoje chamo para mim
amorosas palavras
que vivam um dia
perto do meu coração
que corram pela casa
com sua mistura de mel e espanto

alguém parte com um ruído seco
alguém sempre está partindo

SINOS

quando estava só
nos meus vastos campos
de machucadas orquídeas
e silêncio
e à noite bebia em taças opacas
estrelas líquidas e passado
e o vento do deserto
me alcançava trazendo
o rumor dos mortos
você chegou
com vassoura de luz
varreu a casa e limpou os sinos

in Poesia Essencial, ed. Manati, 2002



Por enquanto sou pequeno...
Por enquanto sou pequeno,
muita coisa eu não sei.
Eu só sei que estou gostando
deste mundo onde eu cheguei.
Não me apressem por favor,
sei que ainda não cresci.
Mas vejam que eu estou tentando,
me esperem que eu chego aí!

Pedro Bandeira




Poesia - José Paulo Paes
Poesia
é brincar com palavras
como se brinca
com bola, papagaio, pião

Só que
bola,papagaio,pião
de tanto brincar
se gastam.

As palavras não:
quanto mais se brinca
com elas
mais novas ficam.

Como a água do rio
que é água sempre nova.

Como cada dia
que é sempre um novo dia.

Vamos brincar de poesia?
Poemas de José Paulo Paes



"O ALFABETO" JOSÉ PAULO PAES.
.
O ALFABETO

O A É UMA ESCADA
BEM ABERTA, PELA QUAL
SE SOBE E SE DESCE.

AS DUAS BARRIGAS
DO B NOS AJUDAM
A ESCREVER “BALOFO”.

O C É UM FOICE
SEM CABO, MAS CORTA. ALIÁS,
NÃO HÁ “CORTE” SEM C.

EMBORA PRINCÍPIO
DA PALAVRA “DEDO”, O D
PARECE UMA UNHA.

TEM JEITO DE GARFO
A LETRA E, ASSIM NO FIM
DA PALAVRA “FOME”

O F DEVE IR
A UM DENTISTA, CORRIGIR
OS DENTES DE CIMA.

O G ENGOLIU
A PRÓPRIA LÍNGUA. POR ISSO,
É A LETRA DE “GAGO”.

O H, UMA CAMA
DE LADO, MAS SEM NENHUM
DORMINHOCO EM CIMA.

NA ORQUESTRA DAS LETRAS,
O I, DE TÃO FINO, É FLAUTA
OU ENTÃO FLAUTIM

NESSA MESMA ORQUESTRA
O J, UM TROMBONE, JORRA
MÚSICA TAMBÉM.

O L É A ÚNICA
PERNA DO SACI PERALTA:
ELE PULA QUE PULA.

NO M O CAMELO
TEM SUAS DUAS CORCOVAS
JÁ NO PRÓPRIO NOME

N, UMA PORTEIRA
DE FAZENDA, SEPARANDO
A CASA DO PASTO.

O O, UMA BOCA
QUE, NUM ESPANTO REDONDO,
DIZ APENAS: Ó!

O P É A PERNA
DE PAU QUE O PIRATA TIRA
NA HORA DE DORMIR.

O Q ERA UM O
QUE VIROU GATO: AÍ ESTÁ,
DE COSTAS, COM RABO.

O R: UM PERU,
PEITO ESTUFADO, A PASSEAR
PELO GALINHEIRO.

O S A SERPENTE
SINUOSA, OU INHOCA
NO CHÃO, ESTORCENDO-SE.

NO ALTO DO TELHADO,
O T É UMA ANTENA DE
TV QUE TE VÊ.

O U, UM BURACO
NA CALÇADA, QUE ATRAVESSO
NUM ÚNICO PULO.

ASA DE GAIVOTA,
O V. LÁ VÃO ELAS, VEJAM:
VVVVV.

X, DUAS ESPADAS
QUE SE CRUZAM, NA SEMI
FINAL DO ALFABETO.

O Z, UM RELÂMPAGO
CORTA, ZÁS! O CÉU AZUL
ANTES DO TROVÃO.


Roseana murrary

Nasceu no Rio de Janeiro em 1950. Graduou-se em Literatura e Lingua Francesa em 1973 (Universidade de Nancy/ Aliança Francesa).

Publicou seu primeiro livro infantil em 1980 (Fardo de Carinho, ed. Murinho, R.J). Em 2011 tem mais de 60 livros publicados. Tem dois livros traduzidos no México (Casas, ed. Formato e Três Velhinhas tão velhinhas, ed. Miguilim/ Ibeppe) . Seus poemas estão em antologias na Espanha. Tem poemas traduzidos em seis linguas ( in Um Deus para 2000, Juan Arias, ed. Desclée e Maria, esta grande desconhecida, Juan Arias, ed. Maeva.).

Recebeu o Prêmio O Melhor de Poesia da FNLIJ nos anos 1986 (Fruta no Ponto, ed. FTD), 1994 (Tantos Medos e Outras Coragens, ed. FTD) e 1997 (Receitas de Olhar, ed. FTD).

Recebeu o Prêmio Associação Paulista de Críticos de Arte em 1990 para o livro Artes e Ofícios, ed. FTD, S.P.
Entrou para a Lista de Honra do I.B.B.Y em 1994 com o livro Tantos Medos e Outras Coragens tendo recebido seu diploma em Sevilha, Espanha.

Recebeu o Prêmio Academia Brasileira de Letras em 2002 para o livro Jardins ed. Manati, R.J como o melhor livro infantil do ano.

Participou ao longo destes anos de vários projetos de leitura. Implantou em Saquarema, em 2003, junto com a Secretaria Municipal de Educação, o Projeto Saquarema, Uma Onda de Leitura.



 José Paulo Paes (Taquaritinga, 1926 — São Paulo, São Paulo, 9 de outubro de 1998) foi um poeta, tradutor, crítico literário e ensaísta brasileiro.
Tendo estudado química industrial na cidade de Curitiba (entre 1945 e 1948), durante muitos anos José Paulo trabalhou em laboratório farmacêutico. Todavia, paralelo a essa profissão jamais deixou de lado a literatura, cujo interesse foi lhe passado pelo avô que era livreiro, sendo que ainda nos tempos de aluno em Curitiba, já colaborava com a revista Joaquim, dirigida por Dalton Trevisan. Dessa temporada paranaense nasce seu livro de estréia, O aluno, de 1947, fortemente influenciado pela poesia de Carlos Drummond de Andrade, o qual o respondeu com o conselho de evitar a imitação de vozes alheias.
Em 1949, transfere-se para São Paulo, quando passa a colaborar com os jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, O Tempo, Jornal de Notícias e Revista Brasiliense, aproximando-se de escritores modernistas como Graciliano Ramos, Jorge Amado e Oswald de Andrade. Conhece também Dora, sua mulher por toda a vida a quem dedicou Cúmplices, de 1951, seu segundo livro. Por falta de um estudo melhor, sua obra foi comparada às dos poetas da Geração de 45, tendo inclusive participado de uma antologia na companhia de Haroldo de Campos e Décio Pignatari, quando eram chamados de “Novíssimos”, ou seja antes da eclosão da poesia concreta, à qual Zé Paulo soube com inteligência absorver, cujos resultados apareceram em seu livro Anatomias de 1967, apresentado justamente por Augusto de Campos. Mais que poesia concreta seu livro aproveitava um ritmo mais oswaldiano, como nos poemas “L'affaire Sardinha” (que fora publicado em 1962 na antologia Violão de Rua, da UNE) e o conhecido “Epitáfio para um Banqueiro”
Por volta de 1963, Zé Paulo dá início a um trabalho editorial intenso à frente da Editora Cultrix, abandonando o trabalho como químico, dedicando-se a partir de então integralmente à literatura. Na companhia de Massaud Moisés foi organizador do Pequeno Dicionário de Literatura Brasileira, publicado pela Editora Cultriz em 1967.
Em 1981,José Paulo aposenta-se como editor, dando início a um dos mais competentes trabalhos de tradução entre os escritores brasileiros, verteu para o português autores de diversas línguas, como Charles Dickens, Joseph Conrad, Pietro Aretino, Konstantínos Kaváfis, Laurence Sterne, W. H. Auden, William Carlos Williams, J.K. Huysmans, Paul Éluard, Hölderlin, Paladas de Alexandria, Edward Lear, Rilke, Seféris, Lewis Carroll, Ovídio, Níkos Kazantzákis, entre outros tantos. Seu reconhecimento na matéria resultou em sua nomeação como Diretor da oficina de tradução de poesia no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Em 1986 vem a público o livro Um por todos, reunião de seu trabalho até então, apresentado pelo crítico Alfredo Bosi. Vem ainda da década de 1980 seu interesse pela poesia infantil, com a qual alcançou grande êxito entre as crianças.
Em 1989, Zé Paulo lança pela coleção Claro Enigma, organizada por Augusto Massi, o livro "A poesia está morta mas eu juro que não fui eu", título extraído do poema "Acima de qualquer suspeita".
Na década de 1990 dá seqüência ao seu trabalho, lançando diversos livros de ensaios, poemas infantis, traduções e poesia, sendo um dos mais bem recebidos "Prosas seguidas de odes mínimas", livro no qual reflete um momento difícil de sua vida, quando tem uma perna amputada, como pode-se ler no poema "Ode à minha perna esquerda":
Ao falecer em 1998, deixou inédito o livro "Socráticas" que veio a público em 2001.

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