sábado, 3 de março de 2012

LITERATURA DE CORDEL

O ACORDO ORTOGRÁFICO E AS MUDANÇAS NO PORTUGUÊS DO BRASIL

Com licença, meus amigos,
Quero falar com vocês
Sobre o que estão fazendo
Com o nosso português.
Eu não sei se é bom ou mau
Mas, Brasil e Portugal
Assinaram um tratado
Pra que em nossa ortografia,
Que é dferente hoje em dia,
Seja tudo unificado.


Moçambique, Cabo Verde,
Angola e Guiné-Bissau
Assinaram o acordo
Com Brasil e Portugal.
O Timor Leste também
Embarcou no mesmo trem
E andaram me dizendo
 Que entrou até São Tomé,
Mas este, sendo quem é,
Eu só acredito vendo.


Eu sei é que para nós,
Do português-brasileiro,
O acordo entrou em vigor
A primeiro de janeiro.
E agora não tem jeito,
Reclamando ou satisfeito,
O que é preciso fazer
É estudar a reforma
Para conhecer a forma
Que nós temos que escrever.


Eu já soube, por exemplo,
Que acabaram com o trema
E, aliás, quanto a isso,
Não vejo o menor problema.
Pois pronunciar “frequência”,
“tranquilidade”, “sequência”
e até “ambiguidade”,
A gente foi aprendendo
Ouvindo e depois dizendo
Através da oralidade
O “k”, o “y” e “w”
Entraram no alfabeto.
E quanto a isso eu achei
Que o acordo foi correto

Pois já tinha muita gente
Com nome bem diferente
No sertão do Ceará:
O Yuri e o Sidney,
Franklyn, Kelly e Helvesley,
Já usam essas letras lá.

Mais complicado é o hífen
Que ora tem, ora não.
Parece que há uma regra
Pra cada situação.
Em muitas ele caiu
Mas em algumas surgiu.
E, como a coisa complica,
Já falam em reunir
Mais gente pra discutir
Quando sai e quando fica.


Mas, parece que os problemas
Que vão incomodar mais
Vêm com a queda dos acentos
Ditos diferenciais.
Pólo, pêra, pêlo e pára
Ficam com a mesma cara
Pra sentidos diferentes.
Mas, de acordo com reforma,
“pôde”, “pôr”, “dêmos” e “forma”
São exceções existentes.


Tem muitas outras mudanças
Que ainda temos que estudar.
Permitam-me um conselho
Que agora quero lhes dar:
É bom ficar bem atentos
Para essa queda de acentos
Na escrita brasileira.
E quando for se sentar
Cuide pra ninguém tirar
O assento da cadeira.


Já chega de falar tanto
Sobre a língua portuguesa.
Vou pegar um avião
E voar pra Fortaleza.
Mas, antes desse percurso
Devo dizer que esse curso
Valeu mais que ouro em pó.
Tomara que o tratado
Seja também adotado
No país de Mossoró



OS CINCO SENTIDOS   (para Natália Guberev)

Com os meus cinco sentidos
Percebo a natureza.
Boca, olhos e ouvidos,
Pele e nariz na certeza
De captar o sabor
A beleza, o odor,
A textura, a melodia
Das coisas que a cada dia
Eu encontro em minha vida,
E da mulher tão querida,
Que me enche de alegria.


O PALADAR

Existem muitos sabores
Pra agradar o paladar:
Bebidas finas, licores,

Vinho tinto e caviar.
Mas nada tem o sabor
Dos beijos do meu amor,
Quando vem e me abraça.
Com os braços me enlaça,
Encosta seu corpo ao meu,
E eu pergunto: quem sou eu
Pra merecer essa graça?


A VISÃO

Fazendo a comparação
De onde há mais beleza.
Na água, no ar, no chão,
Em toda a natureza,
Nunca vi coisa tão bela
Como o sorriso dela,
Da minha doce amada.
Ela vem tão delicada,
E fala ao meu ouvido:
És meu príncipe querido,
Eu quero ser tua fada.

 A AUDIÇÃO

A música nos alcança
Por meio da audição.
Pelos ouvidos avança,
Pra chegar ao coração.
Mas, o som que mais me agrada
É a voz da minha amada,
Quando fala ao meu ouvido.
Cada sussurro ou gemido,
Cada agudo e cada grave
É uma nota suave
Me deixando embevecido

O TATO
O tato é que nos revela,
Na escuridão mais escura,
Do veludo e da flanela,
A maciez e a textura.
Mas não há tecido ou fio
Que possa ser mais macio
Que a pele da minha amada.
Fica comigo abraçada,
Se transforma em cobertor,
E o frio vira calor
No meio da madrugada.


O OLFATO
Num jardim com muitas flores,
É grande a diversidade
De essências e odores
De toda variedade.
Mas não existe uma flor
Com o cheiro do meu amor,
Quando vem pra minha cama.
Vem falando que me ama,
E me diz suavemente:
Tu és a centelha quente
Que acende a minha chama.


VIAJAR EM "PINGA-PINGA" Poeta Zé Bezerra - Patu-RN-

O ônibus é um transporte
Que no trânsito é referência
A maioria do povo
A ele dá preferência
Mas se é um "pinga-pinga"
É preciso paciência.

Ele para em todo canto
o seu trajeto é assim
Para na pista, no beco
Em rua, praça e jardim
Mesmo uma distância curta
Parece que não tem fim.

o lugar que passa
Desce gente, sobe gente
Há uns que conversam muito
Outros dormem facilmente
E vez por outra de leve
Escapa um ar diferente.


Aqueles que roncam muito
Tendo o corpo adormecido
Ao se mexer na cadeira
Escapa um "pum" espremido
Cuja fragrância é igual
Desodorante vencido.


Um canta e outro aboia
Um assovia, outro grita
Um bêbado fala besteira
Uma criança vomita
E um velho ressona alto
Que o canto da boca apita.

-
Se vão dez ou doze em pé
Ao passar por um buraco
O solavanco é tão grande
Que desmaia quem é fraco
Mas o pior é o bafo
Da catinga de sovaco.
-

Precisa manter a calma
Sem pra nada está ligando
Procurar se entreter
Sem ver o tempo passando
Para aguentar o ônibus
Parando de vez em quando.
-Qum não quer sofrer maçada
E por qualquer coisa xinga
Para evitar desconforto
De imprensado ou catinga
Vá direto em seu carrão
Ou viaje de avião
Mas não vá em "pinga-pinga"



Cordel e comunicação (Mundim do Vale)

A IMPORTÂNCIA DO CORDEL

Mundim do Vale

Meu caro leitor amigo

Veja um relato fiel,

Eu já rimei a viola

Que faz bem o seu papel.

Agora passo a rimar,

Na cultura popular

A importância do cordel.



No sertão antigamente

Não tinha televisão

O sertanejo vivia

Carente de informação.

O rádio lá não chegava,

E o cordel é quem levava

Notícias para o sertão.



Quando pego num folheto

Me vem a grande lembrança,

Da ligação com cordel

Desde o tempo de criança.

Só sabia soletrar.

Mas consegui decorar

Os Doze Pares de França.

O cordel tem seu valor

Por ser de fácil leitura.

Tem muita arte na capa

Feita em xilogravura.

A métrica faz a grandeza,

A rima gera beleza

Para elevar a cultura.



Foi o cordel que falou

Dos crimes de Lampião

Foi também um seguidor

Do santo Frei Damião.

Fez morada em Juazeiro,

E deu apoio ao romeiro

Do Padim Ciço Romão.



Alfabetizou o pobre

Que não tinha condição

De freqüentar a escola

Pra receber a lição.

Foi o grande mensageiro,

De Antônio Conselheiro

O profeta do sertão

O cordel já fez campanha









Em tempos de eleição.

Na seca de trinta e dois

Falou da destruição.

Fez festa em dia de feira,

Para o povo da ribeira

Pendurado num cordão.



O cordel tem união

Também com o repentista

Um exemplo do que falo

É Lucas Evangelista.

E falando em qualidade,

Eu lembro a capacidade

Da trindade irmãos Batista.



Eu fico muito feliz

Vendo o cordel resgatado,

Sabendo que hoje é feito

Com o papel resgatado.

Eu acho muito importante,

Não deixar o cordel distante

Como um valor do passado.



O cordel noticiou

Para o povo nordestino,

O suicídio de Vargas

E a prisão de Antônio Silvino.

Deu notícia da chacina,

No Largo da Catarina

Quando morreu Virgulino.



Falou daquela promessa

Do carregador da cruz,

Escreveu nas suas páginas

Que logo chegava a luz.

Rimou com muito talento,

A história do jumento

E o menino Jesus.



Se o leitor duvidar

Não acreditando em mim,

Saiba que o cordel já foi

Leitura até de jardim.

No nordeste brasileiro,

O cordel foi o primeiro

A falar do meu Padim.



Hoje em dia essa cultura

Foge um pouco do normal,

Pois os novos cordelistas

Procuram tema atual.

Falam da gíria da rua,

De mulher andando nua

E de briga de casal.



Tem aí a jovem guarda

Que ainda tá resistindo,

Mas de vez em quando eu vejo

Alguns deles desistindo.

Mas como tem resistente,

Como o vate Zé Vicente

O folheto vai fluindo.



A Cícero Modesto Gomes

O cordel me apresentou,

Poeta do Maranhão

Que no Ceará ficou.

Já rimou o Ceará,

De Sobral a Quixadá,

Pacajus e Quixelou.



Numa banca eu conheci

Edson Neto e Elizeu,

J. B. Num terminal

E um cordel ele me deu.

O poeta Zé Maria,

Conheci em cantoria

Divulgando um mote meu.



Outro poeta famoso

Criado aqui no sertão,

É o bom Arievaldo

Que do Klevison é irmão.

Avançou como um corcel,

Quando implantou o cordel

No setor da educação.



O doutor Sávio Pinheiro

Bom poeta e gente fina,

Já rimou o pé da serra

E a bodega da esquina.

Agora com mais virtude,

Botou cordel na saúde

Para o bem da medicina.



No Rio Grande do Norte

Onde a rima é atração,

Tem o local do poeta

Fazer a divulgação.

Já usei aquele espaço,

E daqui mando um abraço

Pra Mairton e Anizão.



Mas foi lá na Paraíba

Que o cordel chegou primeiro,

Era a grande novidade

Chegada do estrangeiro.

Posso dizer sem engano,

No sertão paraibano

O cordel foi pioneiro.



Quem também foi cordelista

Foi o bom Rogaciano

Foi repórter em Fortaleza

Mas era pernambucano.

Fez muita falta a cultura,

Com a morte prematura

Foi rimar no outro plano.



No Ceará o melhor

Com ele tomei café,

Aguarde só um instante

Que digo já já quem é.

Cantou lá e cantou cá

O Pássaro do Ceará

Patativa do Assaré.



Chegando agora ao final

Já faltando inspiração,

Peço desculpa aos colegas

Se houve alguma omissão.

Fiz esse verso bebendo,

Todo tempo defendendo

O cordel como atração.



Mandei mensagem bregeira

Unida com a poesia,

Negando ter intenção

De fazer apologia.

Inseri no Blogspot

Mundo Cordel avalia.





Fábula em Cordel - A MORTE E O LENHADOR

Marcos Mairton- (adaptado da fábula de La Fontaine)


Foi o francês La Fontaine

Quem, certa vez, me contou

A história de um homem

Que pela morte chamou,

Mas depois se arrependeu,

Quando ela apareceu

E perto dele chegou.



Era um velho lenhador

Que andava muito cansado

Do fardo que, até então,

Ele havia carregado.

Um fardo que parecia

Sempre e sempre, a cada dia,

Mais incômodo e pesado.





Estava velho e doente,

Sentia o corpo doído.

Maltratado pelo tempo,

Seu semblante era sofrido.

Seguia, assim, seu caminho,

Atormentado e sozinho,

Sempre sujo e mal vestido.





Certa vez, ao fim do dia,

Quando ia pela estrada,

Para a choupana que então

Lhe servia de morada,

Foi obrigado a parar

Um pouco pra descansar

Da extensa caminhada.





Trazia um feixe de lenha

Que foi buscar na floresta.

Largou a lenha no chão,

Passou a mão pela testa,

Maldizendo-se da sorte,

Pensou: – É melhor a morte,

Que uma vida que não presta.



– Não consigo carregar

Essa lenha tão pesada.

Já não tenho mais saúde,

Meu ganho não dá pra nada,

Perseguido por credores,

Meu corpo cheio de dores,

Ai que vida desgraçada!

– Ó, Morte, onde é que andas,

Que não ouve o meu lamento?

Que não vem pra me tirar

Desse brejo lamacento?

Dona Morte, eu te rogo,

Venha acabar, venha logo,

Com meu grande sofrimento!





Aí, ela apareceu,

Com sua foice na mão.

Aproximou-se do velho

E disse logo: – Pois não.

Estavas a me chamar?

Em que posso te ajudar,

Querido filho de Adão?





O velho sentiu um frio

Lhe correr pelo espinhaço,

Quando a voz rouca da morte

Ecoou naquele espaço.

E pensou, na mesma hora:

“O que é que eu faço agora?

E agora o que é que eu faço?”



Então disse: – Essa honra,

Não acredito que eu tenha,

Que atendendo meu chamado

A senhora aqui me venha.

Mas, se posso pedir tanto,

Me ajude, por enquanto,

A carregar essa lenha!


A morte saiu dali

Um tanto desapontada,

E o velho foi embora

Cantarolando na estrada,

Porque, “mesmo padecendo,

Melhor é seguir vivendo

Que morrer sem sofrer nada”.



É essa a moral da história

Que La Fontaine nos deu,

Nessa fábula que ele,

Entre muitas, escreveu.

Eu, apenas transformei

Em cordel e dediquei

A você, que agora leu.



História da Rainha Esther

Autor: Arievaldo Viana

Supremo Ser Incriado

Santo Deus Onipotente

Manda teus raios de luz

Ilumina a minha mente

Para transformar em versos

Uma história comovente

Falo da vida de Ester

Que na Bíblia está descrita

Era uma judia virtuosa

E extremamente bonita

Por obra e graça divina

Teve venturosa dita

Foi durante o cativeiro

Do grande povo Judeu

Um rei chamado Assuero

Naqueles tempos viveu

E com o nome de Xerxes

Na História apareceu.

O rei Assuero tinha

Pelo costume pagão

Um harém com muitas musas

As mais belas da nação

Mas era a rainha Vasti

Dona do seu coração.

Porém a rainha Vasti

Caiu no seu desagrado

Pois embora fosse bela

Não cumpriu um seu mandado

Vasti, durante um banquete

Não quis ficar a seu lado.

Com isto o Rei Assuero

Bastante se enfureceu

Mandou buscar outras moças

E por fim ele escolheu

Esther, a bela judia

Sobrinha de Mardoqueu.

Porque os seus conselheiros

Consideraram uma ofensa

A bela rainha Vasti

Não vir a sua presença

Perdeu a rainha o posto

Foi esta a dura sentença

Ester era flor mais bela

Filha do povo judeu

Porém perdeu os seus pais

Logo depois que nasceu

Foi viver na companhia

De seu tio Mardoqueu.

Dentre as mulheres mais belas

Ester foi a escolhida

Pra ser a nova Rainha

Pelo rei foi preferida

Mardoqueu disse à sobrinha:

- Não revele a sua vida!

- Pois nosso povo é cativo

E vive na opressão

Talvez o rei não a queira

Vendo a sua condição

É melhor guardar segredo

Sobre seu povo e nação.

Não pretendo alongar-me,

Porém vos digo o que sei:

Mardoqueu era versado

Na ciência e na Lei

Trabalhava no palácio

Era empregado do rei.

Mardoqueu um dia soube

Que dois guardas do portão

Tramavam secretamente

Perversa conspiração

Eram Bagatã e Tares

Homens de mau coração.

Tramavam matar o rei

E Mardoqueu descobriu

A conversa dos dois homens

Ele sem querer ouviu

Foi avisar a Ester

E ela ao rei preveniu.

Assuero indignado

Com esta conspiração

Mandou ligeiro prender

Os dois guardas do portão

Eles descobriram tudo

Quando os pôs em confissão

Os dois guardas receberam

Um castigo exemplar

Provada a sua traição

O rei os manda enforcar

Depois mandou os escribas

Em seus anais registrar.

Mardoqueu perante o rei

Subiu muito de conceito

Deu-lhe o rei um alto posto

Por ser honrado e direito

Por isso era invejado

Por Aman, um mau sujeito.

Este Aman de quem vos falo

Era o Primeiro Ministro

Um dos homens mais perversos

De quem se teve registro

Tramava contra os judeus

Um plano mau e sinistro.

Por força de um decreto

Queria que o povo inteiro

Se ajoelhasse a seus pés

Sendo ele um embusteiro

Queria ser adorado

Igual ao Deus Verdadeiro.

Isso era um grande martírio

Para a raça dos judeus

Porque só dobram os joelhos

Em adoração a Deus

Fato que desperta a ira

Dos pagãos e dos ateus.

O Ministro indignou-se

Com todo o povo judeu

Porque não obedeciam

Aquele decreto seu

Pensava em aniquilar

A raça de Mardoqueu.

Mandou baixar um Edito

Marcando a hora e o dia

Para o povo ajoelhar-se

Porém Aman não sabia

Que a bela rainha Ester

Era uma princesa judia.







Mardoqueu leu o decreto

Gelou de medo e pavor

Comunicou a Ester

Que Aman, em seu furor

Queria exterminar

A raça do Redentor.

- Querida Ester, disse ele

Venho triste lhe contar

Que o Primeiro Ministro

Jura por Marduk e Isthar

Que o nosso povo judeu

Decidiu eliminar.

- Esse Decreto já foi

Pelo rei sancionado

Armou para nós a forca

O dia já está marcado

Matará todo judeu

Que não ver ajoelhado.

- Meu tio, responde Ester

Eu nada posso evitar

Pois quem se apresenta ao rei

Sem ele próprio chamar

Por um decreto real

Manda na hora enforcar.

Deixemos aqui Ester

Lamentando pesarosa

Vamos tratar de Aman

Criatura orgulhosa

E saber o que tramava

Esta cobra venenosa.

Disse ele a Assuero:

- Há um povo no reinado

Que tem um costume estranho

Não cumpre nenhum mandado

Que fira algum mandamento

Por seu Deus determinado.

- Constitui um mau exemplo

Para outros povos e assim

Considero que este povo

Viver conosco é ruim

Eu quero a tua licença

Porque quer dar-lhes fim.

Lavrou-se então o decreto

Do extermínio judeu

Aman pegou uma cópia

E em praça pública leu

Somente por ter inveja

Da glória de Mardoqueu. Naquela noite Assuero

Não podendo dormir mais

Mandou chamar seus escribas

Para lerem os editais

Entre estes documentos

Encontravam-se os Anais.

O leitor sabe que o rei

Foi salvo de um atentado

Por dois porteiros teria

Sido ele assassinado

Se não fosse Mardoqueu

Ter o caso desvendado.

Pergunta então Assuero

Depois que o escriba leu

Os anais onde constavam

Os feitos de Mardoqueu:

- Me diga qual foi o prêmio

Que este homem recebeu?

- Nenhum prêmio, majestade...

Responde o escriba ao rei

Então Assuero disse:

- Agora compensarei

O grande favor prestado,

Gratidão é uma lei!

No outro dia Aman

Foi ao Palácio enredar

Quando Assuero o viu

Tratou de lhe perguntar:

- Que deve ser feito ao homem

Que o rei pretende honrar?

Pensando que era pra si

Aquela grande honraria

Aman disse: - Majestade

Eis então o que eu faria

Com minhas roupas reais

Este homem eu vestiria

Depois o faria montar

Um cavalo ajaezado

Com os arreios de ouro

E o brasão do reinado

Por alguém muito importante

Ele seria puxado.

E nas ruas da cidade

O guia deve bradar

Assim o rei Assuero

Manda agora publicar:

- Este é um homem de bem Que o rei pretende honrar!

Muito bem, diz Assuero

Bonito plano, este seu

Mande selar meu cavalo

Da forma que concebeu

E nele faça montar

Nosso amigo Mardoqueu.

Aman ficou constrangido

Mas resolveu perguntar

Qual o homem, majestade

Que o cavalo irá guiar

Disse o rei: - És tu, Aman

Quem o deve anunciar.

Aman saiu se mordendo

Foi o cavalo arrear

Depois mandou Mardoqueu

Sobre o mesmo se montar

Mas intimamente dizia

Em breve irei me vingar.

E pelas ruas de Susa

Foi Mardoqueu aclamado

Vestindo as roupas reais

Num bom cavalo montado

E pelo ministro Aman

O ginete era puxado.

O leitor deve lembrar

Que Ester, a bela rainha

Já sabia do decreto

E qual a sorte mesquinha

Destinada a seu povo

Porém o medo a detinha.

Há dias que ela esperava

Uma oportunidade

Para falar com o rei

Contar-lhe toda a verdade

E, em favor de seu povo

Implorar-lhe a piedade.

Mas o tempo ia passando

Como o rei não a chamou

A dura pena de morte

Decida ela enfrentou

Foi à presença do rei

Lá chegando se curvou.

Disse o rei: - Minha querida

A lei não é para ti

Não temas, pois não pretendo

Fazer qualquer mal a si

Diga-me logo o que queres

Porque tu vieste aqui?



Disse ela: - Majestade

Viva em paz, a governar

O motivo que me trouxe

É que vim de convidar

Para um singelo banquete

Que pretendo preparar.

Este banquete eu vou dar

Na noite de amanhã

Quero apenas que convides

O nosso ministro Aman

Espero que não me faltes

Espero com grande afã.

Disse o rei: - Vá sossegada

Por certo, não faltarei

Ao banquete que darás

Como sem falta eu irei

E o Primeiro Ministro

Em breve convidarei.

Ester não disse mais nada

Tratou de se retirar

Chamou as suas criadas

Foi depressa preparar

O banquete que em breve

Ela haveria de dar.

No outro dia Aman

Pelo rei foi convidado

Porém, como ignorava

O que estava preparado

Compareceu orgulhoso

Bastante lisonjeado.

Na presença do ministro

Assuero perguntou

Diz-me agora, ó rainha

Por que razão me chamou?

Então Ester decidida

Por esta forma falou:

- Majestade eu tenho a honra

De ser a tua consorte

Porém a mão do destino

Quer turvar a minha sorte

Porque o meu próprio povo

Está condenado à morte!

Diz o rei: - Quem concebeu

Este plano tão malvado?

Por que motivo o teu povo

À morte foi condenado?

Disse ela: Foi Aman

Ele é o grande culpado! Pois este homem se julga

Acima do próprio Deus

Quer que todos se ajoelhem

E cumpram os desígnios seus

Por isso ele planeja

Exterminar os judeus.

Quando ela disse aquilo

Aman não pôde falar

Tremia ali de pavor

Sem puder se explicar

E o rei indignado

O mandou encarcerar.

No outro dia Aman

À morte foi condenado

Na forca que ele havia

Pra Mardoqueu preparado

Por um capricho da sorte

Foi nela própria enforcado.

FIM

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